Caminhos da Serra: 13 de Maio e o Significado dos Pretos Velhos na Umbanda

O 13 de maio marca oficialmente a abolição da escravidão no Brasil — o último país das Américas a pôr fim a esse sistema cruel. No entanto, essa abolição aconteceu sem nenhum tipo de planejamento ou estrutura. Os negros, recém-libertos, não receberam apoio, terra, trabalho ou moradia. Foram simplesmente lançados à própria sorte, marginalizados por uma sociedade que continuou a negar seus direitos e sua dignidade.

Durante todo o período da escravização e também após, as crenças e tradições dos povos africanos foram constantemente oprimidas. Seus rituais religiosos, línguas e saberes foram combatidos e criminalizados. Ainda assim, com força, fé e resistência, muitas dessas práticas sobreviveram — e uma delas é a Umbanda, religião brasileira que nasceu da fusão de elementos africanos, indígenas e cristãos.

Na Umbanda, o dia 13 de maio é celebrado como o Dia dos Pretos Velhos — entidades espirituais que representam os ancestrais negros escravizados. É uma data de louvor, respeito e profunda conexão com esses espíritos que representam o elo entre sofrimento histórico e sabedoria ancestral.

Dentro da Umbanda, os Pretos Velhos representam os espíritos dos antigos escravizados que, mesmo após uma vida de dor, voltam ao plano espiritual com a missão de ajudar, aconselhar e curar. São símbolos de sabedoria, humildade e acolhimento. Sentados em seus banquinhos, com fala mansa e paciência infinita, transmitem lições profundas sobre o valor da fé, da simplicidade e do amor ao próximo.

Para os praticantes da Umbanda, o 13 de maio é um dia de memória e reverência. Comemoramos, sim, a libertação da escravidão, mas com consciência crítica — reconhecendo que ainda há muito a ser reparado. É também um dia para valorizar a força espiritual dos Pretos Velhos, que ensinam que resistir também é amar, e que cuidar do outro é uma forma profunda de transformação.

Saravá os Pretos Velhos!