top of page

Caminhos da Serra: A Espiritualidade como Ato Político e Cultural

  • Foto do escritor: Felipe Barbosa
    Felipe Barbosa
  • 13 de jun.
  • 1 min de leitura

Atualizado: 14 de jun.

CAMINHOS DA SERRA
CAMINHOS DA SERRA

Desde a chegada dos europeus ao Brasil, trazendo africanos escravizados, a tentativa de catequizar e dominar o povo negro foi uma estratégia central de opressão e apagamento cultural. As religiões e práticas espirituais africanas eram vistas como "pagãs" ou "demoníacas" pelos colonizadores, que utilizavam a doutrina cristã para justificar sua violência e imposição cultural.


No entanto, o povo negro encontrou em sua espiritualidade uma poderosa forma de resistência. As primeiras manifestações dos Exus nos terreiros de candomblé e umbanda foram marcadas por um simbolismo profundo e por uma estratégia de proteção. Esses espíritos, associados à força, ao caminho e à comunicação, assumiam nomes e comportamentos que causavam medo nos capatazes e senhores de engenho. Esse medo funcionava como um escudo, uma forma de proteger as tradições, crenças e práticas que os opressores tentavam erradicar.


Exu, na cosmovisão africana, é o mensageiro, o guardião dos caminhos e o facilitador da comunicação entre os planos espiritual e material. Ele não é maligno, nem representa o "diabo" — conceito alheio às religiões de matriz africana. Sua energia é neutra, moldada pela intenção de quem o evoca. A demonização de Exu é fruto de uma narrativa colonizadora que buscava deslegitimar as práticas religiosas africanas e impor a hegemonia cristã.


Hoje, ao resgatar o verdadeiro significado de Exu, reafirmamos sua importância como símbolo de liberdade, força e sabedoria. Sua história é um lembrete de que, mesmo sob condições extremas de opressão, o povo negro manteve viva sua cultura e espiritualidade, resistindo à tentativa de apagamento e fortalecendo sua identidade.

 
 
 

1 comentário

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Convidado:
14 de jun.
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Adoro essa coluna

Sempre um bom texto

Curtir
bottom of page